Humanos colonizaram a Ásia em duas ondas de migração



Pesquisadores tentam explicar como os seres humanos ocuparam o continente asiático e tudo indica que chegaram a uma resposta

A caverna de Denisova, localizada nas montanhas Altai, na Sibéria. Nela foram encontrados ossos de uma espécie de hominídeos — nem humanos, nem neandertais — que viveram até 30 mil anos atrás
A caverna de Denisova, localizada nas montanhas Altai, na Sibéria. Nela foram encontrados ossos de uma espécie de hominídeos que viveram até 30 mil anos atrás. Seu DNA está sendo estudado para estabelecer se houve duas ondas de migração de humanos para a Ásia (Reuters/Latinstock)
Os seres humanos deixaram a África e partiram para a colonização da Ásia em duas ondas migratórias. Os genes dos dois grupos estão presentes em nativos no sudeste da Ásia, Polinésia e Austrália. É o que defendem dois trabalhos publicados, um no periódico Science e outro no American Journal of Human Genetics.

A migração do homem a partir da África para o restante do mundo é alvo de debate entre os antropólogos há muito tempo. Uma das questões ainda não resolvidas discute se houve mais de uma migração de seres humanos a partir da África para o continente asiático. Uma forma de entender a questão seria analisar o DNA de povos distantes da África e tentar refazer o 'caminho' genético.

Foi o que a equipe de geneticistas do Museu de História Natural da Dinamarca fez. Eles sequenciaram o genoma de um aborígene australiano usando um punhado de cabelo de 100 anos de idade. Os dados foram comparados com outros 1.220 genomas de 79 populações ao redor do mundo. A ideia era tentar descobrir de que lugares do mundo vieram os antepassados dos nativos australianos.

O genoma dos aborígenes foi comparado com outros três povos: chineses, europeus e africanos. De acordo com a pesquisa publicada no American Journal of Human Genetics, os cientistas descobriram que os aborígenes australianos se separaram dos outros grupos entre 75.000 e 62.000 anos atrás. 

Para se ter uma ideia, os europeus e chineses se separaram muito tempo depois, entre 38.000 e 25.000 anos atrás. É por isso que os cientistas acreditam que ocorreram duas ondas de migração para a Ásia. Contudo, os cientistas não sabem onde a primeira migração, a de 75.000 anos atrás, se iniciou.

Hipótese — Outro grupo de pesquisadores, dessa vez do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, da Alemanha, acredita que houve uma única onda de migração a partir da África que se separou no Oriente Médio em direção à Ásia. A primeira colonizou a Austrália e as ilhas vizinhas enquanto a segunda ocupou o restante da porção continental da Ásia.

Os antropólogos liderados por Mark Stoneking analisaram o genoma de 33 populações do continente asiático, Indonésia, Filipinas, Polinésia, Austrália e Nova Guiné. Os pesquisadores queriam saber se os antepassados dos indivíduos cujo genoma foi estudado cruzaram com osDenisovanos. Esse grupo de seres humanos foi descoberto recentemente por meio da análise do DNA de um mindinho e um dente encontrados em uma caverna na Sibéria. O material genético do novo grupo revelou que os ancestrais dos indivíduos nativos de Nova Guiné cruzaram com os Denisovanos.

Rastros de DNA desses novos humanos foram encontrados em populações mais ao sul e a leste da Sibéria, especialmente no leste da Indonésia, Austrália, Nova Guiné, Fiji e Polinésia. Os povos da porção continental da Ásia não tinham nenhum traço do material genético dos Denisovanos. É possível que esses povos tenham vindo de uma migração diferente que não se cruzou com os Denisovanos, daí a hipótese das duas ondas que colonizaram a Ásia. 

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